
A inteligência artificial chinesa emergiu como força dominante na corrida tecnológica mundial, estabelecendo a China como principal rival dos Estados Unidos no desenvolvimento de IA. Através de estratégias governamentais coordenadas e investimentos bilionários, o país asiático não apenas entrou na competição global, mas definiu metas ambiciosas para liderar o setor até 2030.
A Política de IA na China: Planejamento Estratégico Nacional
A política de IA na China segue um modelo único de coordenação estatal, diferindo da abordagem descentralizada americana. O “New Generation Artificial Intelligence Development Plan” estabelece três fases claras: alcançar os líderes mundiais até 2020, tornar-se líder em segmentos estratégicos até 2025, e assumir a liderança global até 2030.
Das 54 mil invenções de IA generativa desenvolvidas globalmente em uma década, a China lidera com mais de 38 mil patentes, seis vezes mais do que os EUA, demonstrando o sucesso dessa estratégia coordenada.
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Grandes Players da IA Chinesa
A IA chinesa é impulsionada por gigantes tecnológicos e startups inovadoras:
Alibaba Cloud desenvolveu o modelo Qwen 2.5, treinado em 29 idiomas e considerado um dos mais potentes em código aberto. A Baidu criou o Ernie 4.0, com capacidades comparáveis ao GPT-4. A Tencent apresentou o Hunyuan, especializado em conteúdo em língua chinesa.
A startup DeepSeek, lançada em 2023, tornou-se um divisor de águas para a IA chinesa, com seu modelo R1 treinado com investimento de apenas US$ 5,6 milhões – uma fração do que empresas americanas investem.
Aplicações Práticas: Cidades Inteligentes Chinesas
A inteligência artificial chinesa destaca-se pela implementação prática em larga escala. Hangzhou exemplifica essa abordagem com o sistema “City Brain” da Alibaba, que integra dados de trânsito, segurança e serviços públicos em tempo real.
Outras cidades como Shenzhen e Xiong’an adotaram sistemas de IA para:
- Controle inteligente de tráfego
- Patrulhamento com robôs autônomos
- Drones de entrega automatizados
- Gestão hospitalar otimizada
A infraestrutura de vigilância inclui centenas de milhões de câmeras com reconhecimento facial, integrando-se ao aplicativo WeChat para coleta abrangente de dados sociais e econômicos.
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Regulamentação e Governança Ética
A China propôs lei sobre IA baseada na ideia de que a tecnologia deve ser “desenvolvida e utilizada de forma responsável” para “promover o bem-estar social e econômico”. O país estabeleceu o Comitê Nacional de Governança de IA e o “Código de Ética para Inteligência Artificial de Nova Geração”.
A política de IA na China enfatiza valores como estabilidade social e segurança nacional, contrastando com princípios ocidentais de transparência e liberdade individual.
Diplomacia Tecnológica e Influência Global
A estratégia da IA chinesa transcende fronteiras nacionais, exportando tecnologias de vigilância para países da Ásia, África e América Latina. A China pretende se tornar líder da IA até 2030, prevendo investir bilhões de dólares no setor.
Em fóruns internacionais, o país propõe governança global inclusiva, defendendo que a IA deve promover desenvolvimento equitativo, não hegemonias tecnológicas.
Desafios e Perspectivas
Em 2024, mais de 144 empresas registraram-se para desenvolver seus próprios modelos de linguagem, embora apenas 10% demonstrem viabilidade comercial, indicando tanto o dinamismo quanto os desafios do setor.
A inteligência artificial chinesa enfrenta questões sobre sustentabilidade energética, com data centers consumindo recursos massivos, e debates internacionais sobre privacidade e direitos humanos.
Conclusão: O Futuro da IA Chinesa
A inteligência artificial chinesa representa um modelo único de desenvolvimento tecnológico, combinando planejamento estatal, investimento privado e aplicação prática massiva. Enquanto acelera a inovação e melhora serviços públicos, também levanta questões sobre privacidade e governança digital.
A política de IA na China continuará moldando o cenário global, influenciando padrões técnicos, práticas regulatórias e o equilíbrio geopolítico da era digital. O sucesso dessa estratégia determinará se a China alcançará sua ambição de liderança mundial em inteligência artificial até 2030.